21 julho 2014

Energia humana: a energia do futuro

Todos os dias, produzimos energia suficiente para suprir as nossas necessidades. Ao longo do dia, os seres humanos produzem energia através do caminhar, ao andar de bicicleta e até mesmo – acredite! – ao respirar. Talvez por desconhecer seu real valor, desperdiçamos diariamente toda essa energia, que poderia ser usada para iluminar ambientes e carregar gadgets. A energia humana é gerada de forma involuntária e, para que possamos aproveitá-la e utilizá-la corretamente, pesquisadores vêm descobrindo maneiras de captá-la e transformá-la em fonte de energia limpa.

Calor humano reaproveitado na Suécia
Em 2012, engenheiros suecos desenvolveram um sistema que aproveita o intenso tráfego de pessoas (250 mil/dia) em uma estação de Estocolmo para gerar energia através do calor humano. O sistema funciona da seguinte forma: foram instalados dispositivos que captam todo esse calor ao longo da estação e depois o enviam a uma central de calefação, que então o converte na energia que alimenta a água quente da estação e também o ar condicionado que funciona durante o todo o inverno.
Após a implantação desse sistema, a companhia obteve uma economia de até 25% na conta de luz.
Sua respiração carrega seu celular. Essa afirmação há alguns anos poderia ser falsa, mas hoje já existe uma máscara que transforma a respiração em energia elétrica. A Aire Concept é uma máscara criada pelo designer brasileiro João Paulo Lammoglia que capta a respiração do usuário em diversas situações: dormindo, correndo, assistindo ou lendo, e a converte em energia para carregar celulares e outros dispositivos eletrônicos.
Figura 1: Aire Concept (foto retirada do site do designer)
Fotos produzidas pelo Senado
Em consequência do seu invento, o brasileiro recebeu em 2011 o prêmio Best of the Best Design, concebido pela organização RedDot.
Outra forma muito inovadora, porém descoberta há vários anos, é o conceito de piezoeletricidade. Essa palavra deriva da palavra grega peizo, que significa pressionar, ou seja, a piezoeletricidade é a energia gerada através de uma pressão exercida. Este tipo de energia foi descoberta em 1880, quando os irmãos Pierre e Jacques Currie perceberam que ao pressionar alguns materiais fazendo-os deformar, esses geravam uma tensão elétrica, comprovando assim a existência da piezoeletrecidade.
Hoje, diversas empresas já se utilizam desse conceito, e assim, ideias inovadoras para captação de energia à base de pressão vem surgindo, sendo uma delas a Ecopista, que é basicamente uma pista de dança que gera energia elétrica. Com tecnologia holandesa, trazida para o Brasil pela EcoGreens, a primeira pista de dança sustentável do mundo conta com uma tecnologia totalmente inovadora que trabalha um novo conceito em sustentabilidade, provando que é possível se divertir e cuidar do ambiente ao mesmo tempo. Quanto mais interatividade e diversão, mais energia elétrica é gerada. O funcionamento da Ecopista acontece da seguinte forma: com a pressão das pessoas dançando sobre a sua superfície, a EcoPista sofre uma compressão de cerca de 10mm. Essa pequena compressão é suficiente para ativar o gerador que transforma movimento em energia elétrica. A energia gerada pode ser utilizada para a própria iluminação da pista, ou para recarregar aparelhos eletrônicos de pequeno porte, ou ainda armazenada em uma bateria. (veja foto abaixo)
Fotos produzidas pelo Senado
Segundo o site da fabricante, a Ecopista completa pode gerar 400 Watts por hora, o que pode carregar 100 celulares, 10 notebooks, 3TV’s de 32’’, além de poder suprir a energia da festa na qual a Ecopista é montada e utilizada.
No site da Ecogreens, existe uma página na qual se pode solicitar um orçamento para alugar a Ecopista. Há também um vídeo explicativo da Ecopista.Clicando aquivocê pode conferi-lo.
Partindo do mesmo princípio da pista de dança ecológica, surge a calçada que gera energia a partir dos passos dos pedestres. A empresa responsável por criar essa calçada que converte as pisadas dos pedestres em energia elétrica foi a Pavegen systems. A calçada é formada por vários ladrilhos que possuem em seu centro uma lâmpada LED, que acende cada vez que o ladrilho é pisado. A energia criada é armazenada e pode ser usada em diversas aplicações, como iluminação pública, sinalização, etc.
Além disso, o ladrilho contém uma superfície superior de borracha reciclada e aço inoxidável, e tem a opção de ser produzida também à prova de água, possibilitando assim sua aplicação tanto em ambientes internos como em externos. Essa calçada já foi testada nos jogos olímpicos de Londres em 2012, sendo muito bem recebida pela população.
Por muitas vezes, procuramos energias renováveis de várias maneiras, mas esquecemos que nós mesmos produzimos tais energias e as desperdiçamos. Com base nesse artigo, podemos imaginar um futuro em que casas terão energias vindas da respiração e caminhar de seus moradores, iluminações públicas a partir de energia gerada pelos próprios cidadãos. Podemos ser então muito mais otimistas com a certeza de que estamos trabalhando para que este futuro aconteça em um mundo mais limpo, sustentável e ecologicamente correto, no qual a qualidade de vida do ser humano e a proteção do meio ambiente tem prioridade sobre a produção e o consumo insensatos que percebemos nos dias de hoje.
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Artigo escrito por mim e publicado originalmente no portal Eu Gestor: http://eugestor.com/editoriais/2014/06/energia-humana-a-energia-do-futuro/

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