02 setembro 2009

Fumaça perigosa

Uma análise de dados envolvendo mais de 1 milhão de pessoas concluiu que mesmo pequenas quantidades de fumaça – de cigarro ou de poluição atmosférica – aumentam o risco de morte por doença cardiovascular.

O estudo foi feito com dados do Estudo de Prevenção da American Cancer Society e de estudos sobre fumo passivo e poluição atmosférica. Os pesquisadores compararam o aumento do risco de morte por doença cardiovascular em fumantes com os relacionados ao fumo passivo e a inalação de partículas sólidas da poluição do ar.

Eles concluíram que os efeitos da fumaça no sistema cardiovascular podem ocorrer em níveis relativamente baixos, mas aumentam o risco de morte por infarto ou derrame. A exposição passiva à fumaça de cigarro ou poluição ambiental equivalente a fumar um cigarro por dia aumentou de 20% a 30% o risco de morte.

Fumar até três cigarros por dia aumenta o risco de morte por causa cardiovascular em 65%. Quem fuma de oito a 12 cigarros por dia tem um risco 70% maior e fumar de 18 a 22 cigarros por dia significa um aumento de quase 100% de chances de morrer por problemas do coração.

“As evidências dessa análise de dados sugerem que não existem níveis seguros de exposição à fumaça de cigarro ou à poluição do ar”, diz Arden Pope III, da Brigham Young University, em Utah, que participou do estudo. Segundo Pope, as razões para isso devem estar relacionadas ao fato de que mesmo os níveis relativamente baixos de fumaça levam a respostas biológicas como inflamações e alterações das funções cardíacas.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que o tabagismo contribui decisivamente para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Com o novo estudo, mostrou-se que não é preciso uma alta exposição a partículas poluentes para que esse efeito ocorra.

Para os especialistas, os novos trabalhos mostram que os efeitos do fumo passivo e do tabagismo ainda são subestimados pelas autoridades como um fator de risco modificável para doenças cardiovasculares.

Trabalhos como este e pesquisas realizadas no Brasil sobre os efeitos dos poluentes levaram a Sociedade Brasileira de Cardiologia a enviar uma carta ao ministro do Meio Ambiente pedindo providências e empenho para medidas que reduzam a poluição ambiental nas grandes cidades brasileiras.

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